Uma visita onde a pele conta histórias: Museu de Dermatologia e Museu da Saúde

À primeira vista, o nome pode não soar apelativo. Um museu de... dermatologia? E aberto apenas às quartas-feiras? Podia parecer pouco promissor. Mas quem atravessa as portas do Museu de Dermatologia Portuguesa Dr. Luís Sá Penella depressa percebe que se trata de um lugar absolutamente único — e transformador.
Criado em 1955, este museu discreto esconde um acervo impactante: 266 figuras de cera hiper-realistas que retratam com minúcia lesões cutâneas provocadas por acidentes, cancros e, sobretudo, por doenças venéreas. São peças impressionantes, criadas a partir de moldes reais de pacientes que chegavam ao Hospital dos Capuchos ou ao Hospital do Desterro, esculpidas e pintadas por artistas como Joaquim Barreiros e Albino Cunha com uma precisão quase desconcertante.
A visita permitiu aos nossos alunos não só um contacto direto com estas obras de ceroplastia — uma técnica nascida no Renascimento para ensinar medicina sem recorrer a cadáveres — como também uma reflexão profunda sobre saúde pública, prevenção e história da medicina. Nas palavras de um visitante habitual, “uma visita a este museu vale por todas as campanhas de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis desde os anos 80”.
Logo a seguir, no Museu da Saúde, mergulhámos na história dos cuidados de saúde em Portugal. Entre frascos, instrumentos cirúrgicos e testemunhos de práticas médicas de outras eras, foi possível perceber como evoluíram os tratamentos, as políticas de saúde pública e, acima de tudo, a forma como olhamos para a doença e para o doente. A visita ganhou uma dimensão ainda mais dinâmica com a realização de um pedipaper em pequenos grupos, que desafiou os alunos a descobrir conteúdos, resolver enigmas e cruzar informações de forma autónoma. Esta abordagem ativa permitiu-lhes aprender através da experiência e da curiosidade, promovendo o saber pela descoberta e estimulando a reflexão crítica, colaborativa e divertida.
A curiosidade e o entusiasmo dos alunos do 10.º C e 10.º D da Escola Secundária António Damásio foram visíveis do início ao fim. A visita não foi apenas uma aula fora da sala — foi uma experiência imersiva, inquietante e altamente educativa, que cruzou ciência, arte, ética e história.
Para quem não pôde ir, fica a sugestão: guarda uma quarta-feira à tarde e visita este espaço. Pode parecer um desvio discreto no mapa da cidade, mas é um verdadeiro mapa de histórias humanas e um alerta poderoso para a importância do conhecimento e da empatia no caminho da saúde.
Para quem ficou com vontade de espreitar ou reviver alguns momentos desta visita singular, deixamos aqui um pequeno registo fotográfico — um vislumbre das descobertas, dos pormenores e do espanto vivido pelos alunos:
Carla Mourão e Inês Nunes